Felipe Silcler, que iniciou sua carreira em Totalmente Demais, deslanchou como ator após interpretar o personagem Cascudo. E, agora, em Mundo Novo, Felipe interpreta um jornalista negro, Libério. Fala sério, novela de época é uma baita aula de história. E, se você quer ficar por dentro, precisa conferir a entrevista a seguir!
tt: Qual a melhor experiência que tirou de Totalmente Demais?
Foi minha primeira novela, então foi tudo novo pra mim. Muito aprendizado com uma equipe que era incrível! E o mais louco foi saber o alcance que a televisão tem, a gente entra na casa das pessoas, em lugares que a gente nem imagina. Depois da novela, comecei a receber mensagens de vários lugares diferentes. Desde o Acre, até a Angola e Portugal! E o carinho do público é sempre muito bacana. Percebi que nós atores servimos de influência pra muita gente, então é uma grande responsabilidade.
tt: Qual a maior lição que aprendeu com o personagem Cascudo?
Com certeza, a maior lição que eu tive foi não julgar as pessoas pela aparência e por seus atos, sem saber o motivo para elas estarem agindo assim. O Cascudo começou como um mau elemento do bairro, o garoto problema que ninguém gostava muito. E, com o tempo, fomos percebendo que ele só agia assim, porque tinha vários problemas em casa. Tinha perdido os pais e era criado por um tio barra pesada. Então, não tinha referências positivas para se espelhar. Quando ele teve a oportunidade de mudar e teve boas referências, ele mudou. E assim é na vida. Tem muitos jovens que estão na mesma situação e que só precisam de oportunidades.

Que olhar, hein! – Foto: Fael Iebra
tt: Agora em Novo Mundo, você interpreta um jornalista em uma novela de época. Teve algum obstáculo na hora de entrar no personagem?
Sim, o Libério é um jornalista de época. Eu não enfrentei nenhum obstáculo não. A gente teve aulas de algumas coisas que ajudaram muito nessa construção. Fizemos aula de etiqueta da época, aprendemos o modo que as pessoas se movimentavam, falavam, comiam… Eu mergulhei nos estudos da história daquela época, revisitei muitas coisas das aulas de história da escola e li coisas relacionadas ao jornalismo da época. Principalmente, o jornalismo de resistência feito por jornalistas negros. Como o José do Patrocínio.
tt: É diferente fazer uma novela de época?
Sim. O ritmo é outro. O tempo de fala, de movimentação… As pessoas daquela época não tinham a mesma urgência que a gente tem hoje. Eles paravam pra conversar e ouvir o que o outro estava falando de fato. Não tinha as inúmeras interferências que temos hoje em dia. A palavra e o olho no olho eram mais valorizados. Quando chego no projac, me transporto pra outra época literalmente. Coloco o figurino, maquio minha tatuagem e vou pra cidade cenográfica e o Libério vem na hora. A equipe é muito cuidadosa e os detalhes fazem toda a diferença. Os cenários nos fazem acreditar que estamos mesmo no século XIX.
tt: Você tem algo em comum com o Líberio?
Acho que o que eu mais tenho em comum com o Libério é a coragem. Ele é um cara que não tem medo de lutar e enfrentar as pessoas por aquilo que ele acredita. Ele tem uma preocupação com as outras pessoas que me encanta muito também. É o que eu procuro levar para a vida, me preocupar com o próximo e lutar por ele, como se estivesse lutando por mim. Acho que todos nós fazemos parte do mesmo lugar e precisamos sempre ajudar uns aos outros. E o Libério usa do seu jornal e dos privilégios de ser um negro livre pra ajudar os que precisam.
